44% das espécies migratórias estão em declínio, alerta relatório da ONU

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 14/02/2024 08h10, última modificação 13/02/2024 14h19
Levantamento aponta causa na atividade humana, que inclui a superexploração e a perda de habitat.

O primeiro relatório sobre o Estado das Espécies Migratórias do Mundo, lançado nesta semana, revela um declínio populacional em 44% das espécies migratórias listadas. Mais um quinto estão ameaçadas de extinção, sendo a vida marítima a mais afetada, com 97% dos peixes na lista em risco.

 

O levantamento aponta que o risco de extinção está aumentando para as espécies migratórias em todo o mundo, incluindo aquelas não listadas pela Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres.

 

Efeito da atividade humana


Segundo o estudo, metade das principais áreas de biodiversidade identificadas como importantes para os animais migratórios listados na convenção não tem status de proteção. Além disso, 58% dos locais monitorados reconhecidos como importantes para as espécies estão sofrendo níveis insustentáveis de pressão causada pelos humanos.

 

O relatório aponta para as duas principais ameaças que pairam sobre as espécies listadas, bem como sobre todas as outras espécies em movimento: a superexploração e a perda de habitat devido à intervenção humana.

 

Conforme revelado no documento, três em cada quatro espécies listadas sofrem com os impactos diretos da perda, degradação e fragmentação de seus habitats naturais. Além disso, sete em cada 10 dessas espécies também enfrentam os efeitos nocivos da superexploração, que incluem tanto a captura intencional como a acidental.

 

Mudança climática


Além dessas ameaças tradicionais, mudanças climáticas, poluição e presença de espécies invasoras estão emergindo como fatores adicionais que aumentam as dificuldades enfrentadas pelas espécies migratórias.

 

Um dado destacado no relatório é que 399 espécies migratórias em situação de ameaça ou quase ameaça de extinção ainda não foram incluídas na lista da convenção. Esta lacuna na proteção representa um risco significativo para a biodiversidade global.

 

Até o momento, uma avaliação abrangente sobre as espécies migratórias ainda não foi realizada. No entanto, o relatório recentemente divulgado oferece uma visão geral global do estado de conservação e das tendências populacionais desses animais em movimento. Além disso, destaca as principais ameaças que enfrentam e as ações bem-sucedidas implementadas para preservá-las.

 

Ação urgente


A diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, enfatizou a necessidade urgente de ação em resposta às revelações do relatório. 

 

Ela declarou que as descobertas ressaltam claramente a ameaça que as atividades humanas insustentáveis representam para o futuro das espécies migratórias e explica que além de serem “barômetros da mudança ambiental”, elas também são componentes vitais para manter o intrincado equilíbrio e a resiliência dos ecossistemas do nosso planeta. 

 

O relatório esclarece a escala das jornadas migratórias empreendidas por bilhões de animais anualmente, atravessando diversos campos, como terra, mar e ar, muitas vezes abrangendo continentes e cruzando fronteiras internacionais. 

 

Ao destacar o papel indispensável das espécies migratórias na manutenção do ecossistema, o relatório ressalta suas contribuições vitais, incluindo a polinização de plantas, o transporte de nutrientes, o controle de pragas e o sequestro de carbono. 

 

Evento


O evento sobre conservação da vida selvagem, , que segue até sábado, acontece em Samarkand, Uzbequistão, marcando o primeiro encontro sobre um tratado ambiental global na Ásia Central. 

 

Com a participação de governos, organizações de vida selvagem e cientistas, o encontro deve discutir ações para promover a implementação de recomendações, destacando a importância da proteção das espécies migratórias da região, como o antílope Saiga e o leopardo-das-neves. 

 

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Fonte: ONU News - Imagem: ONU/Martine Perret

Edição: Site TV Alepi