30 anos da Declaração de Pequim: Avanços e desafios na luta pela igualdade de gênero

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 07/03/2025 09h24, última modificação 07/03/2025 09h24
Em entrevista ao Bom Dia Assembleia, Tatiane Seixas, da SSP, explica sobre conquistas e obstáculos da mulher

Trinta anos após a histórica Declaração de Pequim, que prometeu eliminar as desigualdades sociais entre homens e mulheres, a realidade ainda é desafiadora. Segundo a Organização das Nações Unidas, nenhum país conseguiu atingir essa meta. Em entrevista ao jornalista James Almeida, no jornal Bom Dia Assembleia desta sexta-feira, 7, Tatiane Seixas, da Coordenadoria de Proteção às Mulheres da Secretaria de Estado da Segurança do Piauí, destacou que, embora haja avanços formais, a desigualdade de gênero persiste de maneira gritante.



Tatiane mencionou que, formalmente, houve progresso na construção de leis e na percepção social sobre o tratamento baseado em gênero. Por exemplo, a diferença salarial entre homens e mulheres, que antes era de 30%, agora é de cerca de 20%. No entanto, ela enfatizou que, na prática, as mulheres ainda enfrentam enormes barreiras. "Qualquer mulher que viva na sociedade percebe o quanto individualmente e coletivamente ainda estamos no mesmo lugar", afirmou.



A pobreza é um dos aspectos mais alarmantes da desigualdade de gênero. As mulheres são a parcela mais pobre do mundo, em grande parte devido à responsabilidade quase unilateral que têm pelo cuidado familiar e doméstico. Isso limita suas oportunidades de trabalho e, consequentemente, sua capacidade de gerar renda e adquirir propriedades.



Tatiane também destacou a sub-representação das mulheres em posições de liderança e na política. Apesar de constituírem 53% do eleitorado, as mulheres ocupam apenas 10% das cadeiras no Senado e pouco mais de 88% na Câmara dos Deputados. "Você pensa que alguma coisa não tá funcionando, e essa coisa que não tá funcionando é a sociedade patriarcal", disse.



Ela ressaltou que, embora haja esforços por parte da sociedade civil e de entidades organizadas, esses esforços muitas vezes não se comparam aos que deveriam ser feitos pelos órgãos públicos. "Os movimentos sociais fazem muito mais do que as governanças", afirmou Tatiane, ao mencionar a necessidade de leis mais rigorosas sobre igualdade salarial e a luta contra a apatia política em relação a essas questões.



Tatiane também convidou todas as mulheres teresinenses para um evento no dia 8 de março, às 8 horas da manhã, na Praça Rio Branco. O evento reunirá mais de 40 entidades, sindicatos e redes feministas para discutir demandas como a redução da jornada de trabalho, justiça climática e o fim das violências.


Confira a entrevista na íntegra



Fonte: TV Assembleia