Maio Lilás reforça a importância da participação de jovens em sindicatos

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 13/05/2024 08h13, última modificação 13/05/2024 08h13
A campanha deste ano integra um conjunto de ações previstas no Projeto Estratégico da Conalis.

 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) promove neste mês a campanha Maio Lilás, que busca estimular a participação dos trabalhadores em lutas coletivas para a defesa de direitos. Neste ano, a iniciativa reforça a importância da contribuição de jovens em atividades sindicais, com o slogan “Dê um play nos seus direitos”. Estão previstos eventos sobre sindicalismo e juventude em São Paulo, organizados em conjunto pelo MPT e pelo “Fórum dos Centrais Sindicais”, lançamento de cartilha sobre atos antissindicais e publicação de postagens nas redes sociais, além de outros eventos regionais.


 A escolha do tema da campanha é dada em um contexto de queda da participação de jovens em atividades sindicais. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de filiados em sindicatos com idade entre 16 e 29 anos caiu de 3 milhões para 1,3 milhão entre 2012 e 2022, o que representa queda de 55%.


Na avaliação da secretária da Juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Cristiana Paiva Gomes, os jovens não se representam pelos sindicatos por considerarem a comunicação ultrapassada, o que se reflete na falta de identificação com o movimento sindical. Um representante da CUT também apontou conflitos geracionais e ausência de jovens em espaços de destaque nos sindicatos como alguns dos desafios que impedem o interesse desses trabalhadores pelo assunto.


Para aproximar esses jovens do mundo sindical, Cristiana defende que os sindicatos estimulem o debate de diretrizes mais amplas como combate ao trabalho escravo, racismo, meio ambiente, diversidade e a relação entre informalidade e o trabalho por aplicativos. “Temos uma juventude muito preparada e pronta para discutir sobre esses temas e para trazer novas ideias para o movimento, então os sindicatos devem ter um olhar especial para esses trabalhadores”, destacou a secretária de Juventude da CUT.


De acordo com a coordenadora nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do MPT, Viviann Brito Mattos, a campanha visa constituir um espaço de diálogo social entre a juventude trabalhadora e o movimento sindical para busca de posições convergentes de interesse comum a esses importantes atores sociais e, assim, garantir um futuro mais justo e equitativo para todos os trabalhadores e as trabalhadoras do país.


Segundo Viviann, “a falta de participação e engajamento dos jovens trabalhadores enfraquece a representatividade dos sindicatos, tornando-os menos eficazes na defesa dos direitos trabalhistas e na promoção de condições laborais justas e dignas para essa parcela da população trabalhadora, que, atualmente, é a mais afetada pelo desemprego, informalidade e precarização”. A coordenadora nacional da Conalis apontou ainda que a perda de conexão com os sindicatos é ruim não apenas para a juventude trabalhadora, mas também para o próprio movimento sindical em razão da dificuldade de adaptação das entidades às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas emergentes dos trabalhadores mais jovens.


A campanha deste ano integra um conjunto de ações previstas no Projeto Estratégico da Conalis denominado “Sindicalismo e Juventude”, que será desenvolvido como piloto nas Procuradorias Regionais do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), 2ª Região (São Paulo), 4ª Região (Rio Grande do Sul), 17ª Região (Espírito Santo) e 20ª Região (Sergipe).


Segundo o gerente do projeto nacional sindicalismo e juventude, Bernardo Leôncio Moura Coelho, o projeto busca resgatar o papel dos sindicatos na vida cotidiana dos trabalhadores, ressaltando suas atividades e conquistas, bem como inserir os novos trabalhadores na vida ativa sindical, participando e renovando as bases sindicais.


Sobre o “Maio Lilás” – O “Maio Lilás” promovido pelo MPT acontece desde 2017 e a escolha do mês tem referência com a greve geral puxada pelos trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, no final do século XIX, muitos dos quais foram mortos ou presos por lutarem por valorização e por melhores condições de trabalho. Já a cor lilás é uma homenagem às 129 mulheres trabalhadoras, que foram trancadas e queimadas vivas em um incêndio numa fábrica de tecidos, em Nova Iorque (EUA), em 8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e redução da jornada de trabalho. No momento do incêndio, era confeccionado em tecido de cor lilás.

 

.....................................................................................

 

Fonte: Comunicação MPT-PI

Edição: Site Rádio Alepi FM