Julho estabelece novos recorde de temperatura

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 15/08/2024 08h05, última modificação 14/08/2024 17h31
Sequência de 14 meses consecutivos de calor supera marca estabelecida entre maio de 2015 e maio de 2016; agência climática dos Estados Unidos afirma que julho deste ano foi o mais quente já registrado desde 1850; Unicef alerta que quase meio bilhão de crianças vivem o dobro de dias quentes em comparação com seus avós.

Novos dados divulgados nesta terça-feira confirmam que o calor extremo atingiu centenas de milhões de pessoas ao longo de julho.

 

De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, Noaa, julho de 2024 foi o mais quente já registrado no planeta, considerando os dados coletados nos últimos 175 anos. 

 

14 meses seguidos de recordes de calor


A entidade disse ainda que o mês passado foi o 14º consecutivo de temperaturas globais recordes, superando assim a sequência mais longa de temperaturas elevadas registrada desde 1980, que ocorreu entre maio de 2015 e maio de 2016.

 

A Organização Meteorológica Mundial, OMM, afirma que, climatologicamente, julho é o mês mais quente de cada ano. Portanto, por ter sido o mais quente já registrado, julho de 2024 pode vir a ser considerado o mês mais quente de todos os tempos.

 

A agência adiciona ainda que os últimos 10 julhos foram os mais quentes já registrados, o que significa que a cada ano o recorde mensal foi superado.

 

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, disse que "a adaptação climática por si só não é suficiente”. Segundo ela, é preciso “atacar a causa raiz e levar a sério a redução dos níveis recordes de emissões de gases de efeito estufa".

 

Manter-se fresco durante uma onda de calor é especialmente importante para crianças que têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal do que os adultos.
Unsplash/Andrew Seaman
 
Manter-se fresco durante uma onda de calor é especialmente importante para crianças que têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal do que os adultos.

Dias extremamente quentes afetam meio bilhão de menores


O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, afirmou que uma em cada cinco crianças vivem em áreas que experimentam pelo menos o dobro do número de dias extremamente quentes em comparação com seus avós.

 

A nova análise da agência, divulgada nesta quarta-feira, fez uma comparação entre a média dos anos 1960 e 2020-2024.

 

O levantamento emite um alerta severo sobre a velocidade e a escala em que os dias extremamente quentes, que são aqueles acima de 35°C, estão atingindo quase meio bilhão de crianças no mundo. Muitas delas não tema acesso a infraestrutura ou serviços para suportar o calor.

 

A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell disse que "o calor extremo está aumentando, atrapalhando a saúde, o bem-estar e as rotinas diárias das crianças."

 

Países mais afetados


O estudo também revela que, em 16 países, as crianças agora experimentam mais de um mês de dias extremamente quentes adicionais em comparação com seis décadas atrás.

 

No Sudão do Sul, por exemplo, as crianças estão vivendo uma média anual de 165 dias extremamente quentes nesta década, em comparação com 110 dias na década de 1960. O Paraguai saltou de 36 para 71 dias.

 

A nível global, os menores na África Ocidental e Central enfrentam a maior exposição a dias extremamente quentes e os aumentos mais significativos ao longo do tempo, de acordo com a análise.

 

Cerca de 123 milhões de crianças agora experimentam uma média de mais de um terço do ano, ou pelo menos 95 dias, em temperaturas acima de 35°C.  No Mali, esse valor chega a 212 dias, no Niger 202, No Senegal 198 e no Sudão 195.

 

Efeitos do estresse térmico nas crianças


Na América Latina e no Caribe, quase 48 milhões de crianças vivem em áreas que estão experimentando o dobro do número de dias extremamente quentes.

 

O estresse térmico dentro do corpo, causado pela exposição ao calor extremo, representa ameaças únicas à saúde e ao bem-estar de crianças e mulheres grávidas, principalmente se as intervenções de resfriamento não estiverem disponíveis.

 

Níveis excessivos de estresse térmico também contribuem para a desnutrição infantil, doenças não transmissíveis, como doenças relacionadas ao calor, e deixam as crianças mais vulneráveis a doenças infecciosas que se espalham em altas temperaturas, como malária e dengue.

 

As evidências mostram que também afeta o neurodesenvolvimento, a saúde mental e o bem-estar dos menores.

 

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Fonte: ONU News - Imagem: OMS

Edição: Site Rádio FM Assembleia