IBGE divulga levantamento sobre analfabetismo da população quilombola no Piauí

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 02/09/2024 08h30, última modificação 02/09/2024 08h30
De acordo com o estudo, a taxa chegou a 28,75%.

O Censo Demográfico 2022 do IBGE apontou que a taxa de analfabetismo entre a população quilombola piauiense chegou a 28,75%, indicador superior ao que foi observado para a média da população do estado, de 17,23%. É interessante observar, ainda, que a taxa de analfabetismo varia de acordo com a localização da população quilombola, se dentro ou fora de Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. Assim, para os quilombolas que residiam dentro de territórios quilombolas oficialmente delimitados a taxa de analfabetismo alcançou 29,87%, indicador superior ao registrado para os quilombolas que residiam fora de territórios quilombolas oficialmente delimitados, que foi de 28,34%.

 

Para o Brasil, a taxa de analfabetismo entre a população quilombola chegou a 18,99%, indicador superior ao que foi observado para a média da população do país, de 7,0%. A taxa de analfabetismo para os quilombolas que residiam dentro de territórios quilombolas oficialmente delimitados alcançou 19,75%, indicador superior ao registrado para os quilombolas que residiam fora de territórios quilomboloas oficialmente delimitados, que foi de 18,88%. Entre os estados da federação, a maior taxa total de analfabetismo da população quilombola foi a registrada por Alagoas, com 29,77%, seguido do Piauí, com 28,75%. A menor taxa de analfabetismo da população quilombola foi a do Distrito Federal, com 1,26%.

 

Sob o enfoque dos grupos etários, a população quilombola piauiense apresentou taxa de analfabetismo sempre superior à da população em geral do estado, qualquer que fosse a faixa etária. Os indicadores de analfabetismo aumentam conforme se eleva o grupo etário, onde o grupo de 15 a 19 anos foi o que apresentou menor taxa de analfabetismo para a população quilombola, de 4,06%, contra 2,51% observada para o total da população do estado. A maior taxa de analfabetismo observada para a população quilombola foi a de 65 anos ou mais de idade, com 68,95%, contra 47,63% para a população em geral do estado.


Um a cada quatro domicílios quilombolas depende de abastecimento de água por carro pipa e por água da chuva

 

O acesso à água nos domicílios quilombolas no Piauí era majoritariamente através de ligação à rede geral de abastecimento, para 44,10% dos domicílios, seguido pelo acesso através de poço profundo ou artesiano, em 24,61% dos domicílios. Na sequência vinham o acesso de água por carro-pipa (16,02%) e água de chuva armazenada (9,83%), que juntos representavam 25,85% do total de domicílios. Temos ainda o acesso pela água de rios e açudes (1,72%), outras formas (1,38%), fonte ou nascente (1,10%) e poço raso, freático ou cacimba (1,24%).
Para a maioria dos domicílios do estado do Piauí, a principal forma de acesso à água era através da rede geral, para 77,07% dos domicílios, seguido do poço profundo ou artesiano, para 14,45% dos domicílios do estado. O acesso por carro-pipa e água da chuva era a principal forma de acesso à água para 4,72% dos domicílios do estado, praticamente um quinto do indicador observado para os domicílios quilombolas.

 

Cerca de 20% dos domicílios quilombolas não tinha banheiro

 

Praticamente um a cada cinco domicílios permanentes ocupados da população quilombola (20,53%) não possuía banheiro de uso exclusivo dos seus moradores, proporção quase 5 vezes maior que a observada para a média da população do estado (4,87%). Havia banheiro para 72,44% dos domicílios quilombolas.

 

Para a maioria dos domicílios quilombolas, o principal tipo de esgotamento sanitário era a fossa rudimentar ou buraco, para 53,98% dos domicílios, enquanto o acesso à rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede estava disponível para apenas 1,92% dos domicílios, seguido da fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede, para 15,39% dos domicílios.
É interessante ressaltar que para o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), consideram-se como tipos adequados de esgotamento sanitário dos domicílios a “rede geral, pluvial ou fossa séptica ligada à rede”, bem como o esgotamento por “fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede geral”. Assim, considerando-se essas duas modalidades de esgotamento sanitário, cerca de 17,31% dos domicílios quilombolas atenderiam o padrão de adequação previsto pelo PLANSAB.

 

Para a média dos domicílios do Piauí, a fossa rudimentar ou buraco também era o principal tipo de esgotamento sanitário, presente em 44,15% dos domicílios. Já o acesso à rede geral de esgotamento estava presente em 18,53% dos domicílios, seguido da existência de fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede, com 27,93%. Considerando-se como adequadas estas duas últimas modalidades de esgotamento sanitário aceitas pelo PLANSAB, cerca de 46,46% do total de domicílios do estado atenderiam àquele padrão de adequação, proporção superior à dos domicílios quilombolas.

 

70% do lixo domiciliar quilombola era queimado na propriedade

 

O destino principal do lixo dos domicílios quilombolas era o de ser queimado na própria propriedade, observado em 70,12% daqueles domicílios, seguido da coleta por serviço de limpeza, em 19,92% dos domicílios. Por sua vez, a grande maioria dos domicílios do estado tinham como principal destino do lixo a coleta por serviço de limpeza, em 70,3% dos domicílios, seguido da queima na propriedade, em 24,01% dos domicílios.

 

No Piauí, 1% dos domicílios são quilombolas e a “casa” é o principal tipo de domicílio daquela população

 

No Piauí, foram identificados 10.595 domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador quilombola, o equivalente a 0,99% do total de domicílios permanentes ocupados da população do estado (1.071.549). No Brasil, de um total de 72,4 milhões de domicílios particulares permanentes ocupados recenseados, 474.747 têm pelo menos um morador quilombola, correspondendo a 0,66 %.

 

O tipo predominante de domicílios no qual a população quilombola residia era “casa”, com 99,77% dos domicílios particulares permanentes ocupados, indicador acima do registrado para a população em geral do estado, com 94,63% dos domicílios. O segundo tipo mais usual de domicílio utilizado pela população quilombola foi “apartamento”, com 0,13% dos domicílios, indicador aquém do que foi registrado para a população em geral do estado, com 4,59% dos domicílios.

 

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Fonte: IBGE

Edição: Site Rádio Assembleia FM