Estudos vão mostrar como Covid-19 afetou a saúde mental da mulher
Trabalho doméstico, carreira profissional, estudos, maternidade, relacionamentos, saúde física e mental, cuidados com a família. Dá para acrescentar mais ao já atribulado dia a dia das mulheres, neste período pós-pandemia?
E ainda existem outras questões, como as financeiras (economia doméstica, dependência financeira do companheiro ou da família) que também são recorrentes. E, por fim, os sentimentos e as sensações relacionados a tudo isso.
Uma pesquisa realizada no Brasil pelo Instituto FSB (instituto de pesquisas e comunicação) feita a pedido da companhia seguradora SulAmérica, e divulgada no final de 2021, mostrou que no ano passado os cinco sintomas ou sentimentos que mais afetaram as pessoas em todo o país foram: ansiedade, alteração do humor, insônia, dor de cabeça e frustração.
Impactos na saúde mental das mulheres
Nos resultados desta pesquisa, foi demonstrado que 62% das brasileiras afirmaram que sua saúde emocional piorou, ou piorou muito, durante a pandemia. Entre os homens, o índice dos que se disseram mais abalados com a experiência foi de 43%.
As mulheres sofrem com a desigualdade de gênero, desde a falta de equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, passando pela divisão das tarefas domésticas e da criação dos filhos, até os preconceitos e a cobrança quanto à capacidade de elas mesmas decidirem o destino das suas próprias vidas. O impacto na saúde mental é, de fato, muito grande.
Mesmo antes da pandemia, ainda em 2019, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que as mulheres já dedicavam, em média, 18,5 horas semanais a tarefas domésticas e cuidados com pessoas da família, crianças e idosos. Nestas mesmas atividades, os homens dedicavam em média 10,3 horas semanais.
Durante o primeiro ano da pandemia, em 2020, as mulheres perderam mais postos de trabalho do que os homens. Este dado é de uma nova pesquisa do IBGE, divulgada em junho de 2022. Dos 825,3 mil postos de trabalho perdidos naquele ano, 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres. Foi a 1ª vez, desde 2009, que houve uma queda na participação feminina no mercado de trabalho. E as mulheres que continuaram trabalhando receberam, em média, o equivalente a 84,8% do salário médio mensal dos homens.
Cansaço e exaustão: as mulheres estão no limite?
Agora, no período pós-pandemia, o que se tem constatado é que as mulheres estão sobrecarregadas e exaustas. Um estudo do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo comprovou as consequências para a saúde mental das mulheres divulgando os seguintes índices: 40,5% delas responderam que desenvolveram sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.
Outra consequência deste período para as mulheres multitarefas foi que elas acabaram mergulhando em um ambiente de exaustão física e mental, surgindo então uma novidade não muito agradável: a Síndrome de Burnout. Esta síndrome se caracteriza por um estado de estafa mental com sintomas como ansiedade, depressão, mudanças no apetite, irritabilidade, dificuldade de concentração e tristeza fora do padrão da pessoa.
Isto tudo, se somado, acaba por gerar para as mulheres uma baixa qualidade de vida, com escassos momentos de lazer e descanso, pouca dedicação à sua própria saúde física e mental, e muitas preocupações com questões sociais, culturais, financeiras e de reconhecimento e valorização.
O cuidado necessário com a saúde mental das mulheres
Certos fatores podem colaborar para a promoção da saúde mental da mulher e, por isso, devem ser intensificados em momentos como o que estamos vivendo. Veja alguns abaixo:
– Cuidar da autoestima;
– Desenvolver resiliência emocional, de forma a ser capaz de contornar situações adversas;
– Pensar de maneira positiva;
– Desenvolver habilidades de gerenciamento do estresse e desenvolvimento do autocontrole;
– Realizar atividades físicas regularmente;
– Dormir bem;
– Reservar um tempo para o autocuidado e para o lazer;
– Buscar a realização pessoal e profissional;
– Afastar-se de relacionamentos tóxicos e abusivos;
– Ter apoio da família;
– Buscar ajuda, se necessário, com profissionais capacitados como psicólogos e/ou psiquiatras.
Caso seja mulher e esteja passando por questões que estejam afetando a sua saúde mental, causando sofrimento, não hesite e entre em contato conosco. Caso tenha alguma mulher próxima a quem possa apoiar, não deixe de fazê-lo. Estamos à disposição no Instituto de Psiquiatria Paulista. Para agendar uma consulta, acesse o nosso site.
Fonte: Psiquiatria Paulista
Imagem: Reprodução