Estimativa de maio aponta safra 5,9% menor em 2024

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 14/06/2024 07h15, última modificação 14/06/2024 07h15
O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção com alta de 9,9% no volume e de 12,5% na área a ser colhida,

A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 296,8 milhões de toneladas de acordo com a estimativa de maio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado na quinta-feira (13) pelo IBGE. Este resultado é 5,9% menor, ou 18,6 milhões de toneladas abaixo da safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas) e 0,9% inferior (2,8 milhões de toneladas) do que a estimativa de abril.

 

A área a ser colhida foi de 78,3 milhões de hectares, aumento de 0,6% (454.502 hectares) frente à área colhida em 2023 e crescimento de 0,6% (445.140 hectares) em relação a abril. O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção.

 

“A redução da produção reflete o impacto dos problemas climáticos ocorridos em 2023 e 2024, desde a implantação das lavouras, com a falta de chuvas na região Centro Oeste, a altas temperaturas que encurtaram o ciclo de algumas lavouras e reduziram a produtividade. Alguns produtores tiveram de fazer replantio, caso da soja, e outros optaram por aumentar a área de algodão, cuja produção está batendo recorde com estimativa de 8,5 milhões de toneladas, alta de quase 10% em relação ao ano passado, que também foi recorde”, analisa Carlos Alfredo Guedes, gerente de agricultura do IBGE.

 

O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, ressalta que a queda na produção é reflexo dos problemas ocorridos nas safras de verão e ainda não refletem inteiramente o impacto das cheias no Rio Grande do Sul. “Houve falta de chuvas em estados como o Mato Grosso do Sul, que apresentou uma queda de 3,4 milhões de toneladas nas estimativas de maio. No Rio Grande do Sul caiu 2,1 milhões de toneladas e no Paraná, 457 mil toneladas. O que compensou um pouco foi um aumento de 2,6 milhões de toneladas no Mato Grosso e de 630,0 mil toneladas em Minas Gerais, mas as quedas foram maiores, porque houve uma seca no Mato Grosso do Sul, um estado produtor de grãos importante”, diz Barradas.

 

A estimativa para a soja é de uma produção de 146,7 milhões de toneladas, quedas de 3,5% em relação a 2023 e de 1,1% em relação a abril. Mesmo com um aumento de área plantada de 3,5% em relação ao ano passado e de 0,8% em relação a abril. “Isso se deve aos problemas climáticos, que deverão acarretar numa produtividade menor em 2024. No ano passado o clima foi bom no Rio Grande do Sul para soja, e esperava-se uma safra recorde em 2024 para o estado. Com as enchentes recentes, a estimativa caiu, mas continua sendo uma boa safra especialmente se comparada à colhida em 2023”, explica o gerente da pesquisa.

 

Já para o milho a estimativa é de uma produção de 114,5 milhões de toneladas com declínio de 1,1% em relação ao mês anterior e de 12,7% em relação a 2023. A redução mensal de 6,6% na produção do milho 1ª safra no Rio Grande do Sul, assim como de 15,4% no milho 2ª safra do Mato Grosso do Sul impactaram a produção brasileira.

 

Ocorreu ainda diminuição de 4,7% na área plantada (reduções de 8,6% no milho 1ª safra e de 3,5% no milho 2ª safra) e também na produtividade. “Houve problemas climáticos em novembro e dezembro afetando a colheita do milho de primeira safra; o milho de segunda safra teve queda na produção porque os preços caíram muito e os produtores estão optando por outras lavouras”, esclarece o gerente do LSPA.

 

A produção do trigo deve alcançar 9,6 milhões de toneladas, declínio de 2,5% em relação à estimativa de abril; e crescimento de 23,8% em relação a 2023, quando o Brasil, apesar de inicialmente aguardar uma safra recorde do cereal, teve sua expectativa frustrada em decorrência de uma série de problemas climáticos, o que prejudicou as lavouras na região Sul. “O trigo ainda não está plantado, começa neste mês de junho. Como houve muita perda de fertilidade do solo afetado pelas enchentes, isso explica a queda em relação ao mês anterior. Mas em relação a 2023 a expectativa é de aumento”, prevê Barradas.

 

O LSPA estima para o arroz uma produção de 10,5 milhões de toneladas, porém, com uma produtividade menor do que em 2023, contribuindo para isso os problemas climáticos do Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz.

 

“A maior parte das lavouras já estavam colhidas, mas o que ainda estava em campo foi afetado. A redução da produção no Rio Grande do Sul, em maio, em relação ao mês anterior, foi compensada pelos aumentos em Minas Gerais, onde foram identificadas novas áreas de produção, sob pivô nos municípios de Paracatu e Unai, assim como crescimentos de produção no Paraná (2,1%), Mato Grosso do Sul (4,9%), Goiás (9,8%) e Mato Grosso (18,1%). A produção de arroz deve atender o mercado interno. As chuvas e as enchentes no Rio Grande do Sul devem reduzir a produção, mas não o suficiente para faltar arroz no mercado”, conclui o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.

 

Capacidade dos estoques cresce 4,7% no 2° semestre de 2023


O IBGE também divulgou hoje a Pesquisa de Estoques, que mostrou alta de 4,7% na capacidade útil de armazenamento do país em comparação ao primeiro semestre de 2023, correspondente a 9,5 milhões de toneladas a mais. Com esse aumento, a capacidade de armazenagem agrícola chegou a 210,9 milhões de toneladas. Houve, ainda, um acréscimo de 4,8% no número de estabelecimentos, chegando a 9.102 estabelecimentos ativos no segundo semestre de 2023.

 

Os silos predominavam entre os tipos de armazenamento, com 110,0 milhões de toneladas, o que representa 52,2% da capacidade útil total. Em seguida, aparecem os armazéns graneleiros e granelizados (77,8 milhões de toneladas) e os armazéns convencionais, estruturais e infláveis, com capacidade para 23,1 milhões de toneladas.

 

Dos 44,6 milhões de toneladas de estoque total dos produtos investigados pela pesquisa, em 31/12/2023, os estoques de milho representavam o maior volume (21,0 milhões de toneladas), seguidos pelos estoques de soja (11,3 milhões), trigo (6,4 milhões), arroz (1,5 milhão) e café (1,1 milhão). Estes produtos constituem 92,7% do total estocado, sendo os 7,3% restantes compostos por algodão, feijão preto, feijão de cor e outros grãos e sementes.

 

Destaca-se, ainda, o crescimento de 39,6% do estoque de soja e de 15,8% do estoque de milho, se comparado com 31 de dezembro de 2022. Já o estoque de trigo caiu 13,3% nessa comparação.

 

A próxima Pesquisa de Estoques será divulgada em 14 de novembro.

 

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Fonte: Agência Brasil - Imagem: Freepik Free

Edição: Site Rádio FM Assembleia