Entenda a relação das mudanças climáticas com o aumento da dengue

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 14/10/2024 07h46, última modificação 14/10/2024 07h46
Com atuação baseada em evidências científicas, governo implementa medidas preventivas com planejamentos para reduzir adoecimentos por arboviroses

Em sessão recente do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana (Opas) em Washington DC, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, defendeu que os desafios representados pela mudança do clima devem estar no centro da agenda de saúde coletiva. As alterações no clima têm afetado as condições de saúde em todo o mundo e, uma das consequências disso, é o aumento nos casos de arboviroses não somente no Brasil, mas em diversos locais.

 

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente, a dengue é considerada endêmica em mais de 130 países. Por isso, em acordo com os principais órgãos de saúde internacionais, o Ministério da Saúde tem investido em ações preventivas para reduzir os casos da doença e mitigar os efeitos da crise climática na saúde da população.

 

Saiba mais: 


Números de casos de dengue nas Américas em 2023 é o maior registrado pela Opas


Um dos efeitos do aquecimento global é o aumento na temperatura, nas chuvas e na umidade, o que cria condições para que os mosquitos que transmitem arboviroses prosperem mais rápidos e em novos locais, além dos países com clima tropical ou subtropical. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2023, surtos de dengue foram observados pela primeira vez em locais como Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália e Iêmen, e a transmissão local passou a ocorrer na Espanha, Itália e França.  

 

Na região das Américas, dados da Opas apontam que cerca de 500 milhões de pessoas correm o risco de contrair dengue.  Em seu último alerta epidemiológico sobre a doença, a instituição apontou que, nas Américas, o número de casos nos seis primeiros meses de 2024 excedeu o número de casos notificados anualmente em comparação a todos os anos anteriores. No México, por exemplo, houve um aumento de 241% em relação ao mesmo período de 2023; e 357% em relação à média dos últimos cinco anos. Na Guatemala, esses índices alcançaram, respectivamente, 516% e 734%.

 

Plano de redução dos impactos das arboviroses

 

Para diminuir os números de casos e óbitos por denguechikungunyazika e oropouche no próximo período sazonal no Brasil, o Governo Federal lançou, no último mês, o Plano de ação para redução dos impactos das arboviroses. O documento foi construído com a participação de pesquisadores, gestores e técnicos dos estados e municípios, além de profissionais de saúde que atuam na ponta, em contato direto com as comunidades e que conhecem de perto os desafios em cada região do país, com atenção às regiões de maior vulnerabilidade social.  


Guia sobre efeitos das mudanças climáticas na saúde

 

O Ministério da Saúde lançou ainda um guia de bolso sobre mudanças climáticas voltado para profissionais do setor. Esta é a primeira vez que a pasta publica um material específico para os profissionais com relação às mudanças climáticas e os efeitos em saúde. O guia será entregue aos trabalhadores do SUS e está disponível no portal da pasta. 

 

O objetivo do guia é facilitar o atendimento dos médicos, enfermeiros, Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e outros profissionais com acesso rápido às informações para que as orientações aos pacientes sejam feitas com mais segurança. O material é uma adaptação de uma publicação da Opas com a linguagem e as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).  


Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde


Em agosto, o Ministério da Saúde criou a Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde. Coordenada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), o mecanismo é uma ferramenta de gestão para planejar respostas às emergências como secas prolongadas, escassez de água, queimadas e outras ocorrências relacionadas ou agravadas pela mudança do clima. O objetivo é planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas em momentos de urgência.


Comitê “Uma Só Saúde”


Coordenado pelo ministério, o comitê visa promover a abordagem de "Uma Só Saúde", que fortalece a mobilização entre diversos setores, disciplinas e comunidades em vários níveis da sociedade para o enfrentamento de alguns dos maiores desafios para a saúde global, como crises decorrentes das mudanças climáticas, epidemias, pandemias, zoonoses, doenças tropicais negligenciadas, de transmissão vetorial, como as arboviroses, resistência aos antimicrobianos e segurança dos alimentos. 

 

O principal objetivo do grupo é a elaboração do plano de ação de Uma Só Saúde. Além disso, o Comitê busca articular com estados e municípios, para orientar medidas interfederativas e multissetoriais, e apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas com essa abordagem, bem como ser uma instância consultiva do governo federal quanto à abordagem. 


Fonte: Ministério da Saúde - Imagem: Freepik Free

Edição: Site Rádio Assembleia