Doença de Chagas: Brasil contabiliza cerca de 4.500 mortes por ano

por Ângela Núbia Carvalho Sousa publicado 15/05/2023 13h45, última modificação 14/05/2023 18h00
Em média, o Brasil registra 280 novos casos na forma aguda por ano, com tendência de crescimento de casos na região Norte

O Ministério da Saúde anunciou a ampliação de assistência para pacientes que convivem com a doença de chagas, no Sistema Único de Saúde (SUS). Causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, ela é uma enfermidade negligenciada que afeta milhões de pessoas em toda a América Latina, sendo o Brasil um dos países mais afetados 

 

Atualmente a doença é responsável por cerca de 4.500 mortes por ano no Brasil. Cerca de um milhão de pessoas convivem com a doença no país. O maior número de casos se concentra nos estados da região Norte. E aquele ministério tem como prioridade a eliminação da transmissão vertical da doença, quando ocorre de mãe para filho, além da ampliação do acesso ao tratamento e reforço das ações de prevenção.

 

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas, de 2022 até abril de 2023, foram registrados 61 casos confirmados de Doença de Chagas. Em 2022, os casos se dividiram entre os municípios, da seguinte forma: 19 em  Lábrea, 18 em Amaturá, 6 em Barcelos, 3 em Carauari e 3 em Manaus. Já em 2023, foram registrados 6 casos em Itamarati, 1 em Barcelos e 1 em Humaitá.

 

Diante deste contexto e com o intuito de ampliar a oferta de diagnóstico e tratamento para a doença de Chagas, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou articulação para apoiar as ações na cidade de Abaetetuba, no Pará, com a compra de 60.000 testes rápidos em um projeto piloto. Os exames estão em produção e está prevista a entrega de 45 mil testes ainda neste mês e 15 mil em maio.

 

A pasta apresenta que o Brasil registra cerca de 280 novos casos na forma aguda por ano, com 80% destes casos por meio da ingestão de alimentos contaminados. Esta análise, promovida pelo Ministério da Saúde, indicou uma tendência de crescimento de casos na região Norte.

 

Transmissão

 

O infectologista Hemerson Luz explica que a doença é transmitida pela picada de um inseto, conhecido como “barbeiro”. Após a picada, ele deposita suas fezes no local. E com a coceira, a pessoa acaba colocando os protozoários das fezes na ferida feita pela picada. A transmissão também pode ocorrer por carnes mal cozidas.

 

“O barbeiro pode ser encontrado em locais com entulhos, monte de lenhas, ninhos de pássaros, galinheiros, chiqueiros e também nas frestas das casas quando são construídas principalmente de pau a pique”, alerta.

 

Formas da doença

 

O especialista afirma que a doença de chagas pode se apresentar de forma aguda e, caso não seja tratada, evoluir para a forma crônica.

 

Fase aguda:

  • Febre prolongada (mais de 7 dias);
  • Alterações cardíacas;
  • Cansaço;
  • Inchaço no rosto e pernas;
  • Alterações no fígado;
  • No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local

Fase crônica: 

“Muitos pacientes evoluem para forma crônica e passam anos sem apresentar sintoma algum. Porém as lesões vão acontecendo, principalmente com o aumento do coração e o aumento do intestino. Pode causar sérios danos mais à frente”, explica Hemerson.

 

Tratamento no SUS

 

O Ministério da Saúde informa que uma das formas de controle da doença de Chagas é evitar que o inseto forme colônias dentro ou perto das residências. Caso encontre algum dessa espécie em casa, é necessário acionar a vigilância local para que as equipes técnicas realizem as ações de controle químico vetorial, se necessário. No SUS, o tratamento aos pacientes é indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença e os medicamentos são disponibilizados gratuitamente.

 

 

 

Fonte: Brasil 61

Imagem: Ministério da Saúde