Diabetes tipo 2 é controlada com “pâncreas artificial”

por Ângela Núbia Carvalho Sousa publicado 13/01/2023 19h53, última modificação 13/01/2023 19h53
Pacientes que usaram o dispositivo implantado na pele passaram o dobro do tempo com a diabetes controlada em comparação ao tratamento padrão

Cientistas do Instituto de Ciência Metabólica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram um dispositivo totalmente automatizado capaz de controlar os níveis de glicose em adultos com diabetes tipo 2.

Testes iniciais mostraram que o “pâncreas artificial” reduziu significativamente o tempo em que os pacientes permaneciam com as taxas de açúcar altas e dobrou os intervalos nos quais eles estavam com níveis adequados de glicose, em comparação com o tratamento tradicional.

Os resultados do estudo foram publicados nessa quarta-feira (11/1) na revista Nature Medicine, e sugerem que o dispositivo oferece uma maneira segura e eficaz de melhorar o gerenciamento da doença.

“Muitas pessoas com diabetes tipo 2 lutam para controlar seus níveis de açúcar no sangue usando os tratamentos atualmente disponíveis, como injeções de insulina. O pâncreas artificial pode fornecer uma abordagem segura e eficaz para ajudá-los. A tecnologia é simples de usar e pode ser implementada com segurança em casa”, afirma a autora do estudo, Charlotte Boughton.

O novo sistema de entrega de insulina, chamado de CamAPS HX, responde continuamente aos níveis de glicose no sangue do paciente, enviando informações para um aplicativo instalado no celular do usuário. Ele possui um monitor de glicose, bomba de insulina e um algoritmo que prevê a quantidade de hormônio necessária para manter os níveis de glicose dentro da faixa-alvo, personalizando o tratamento.

 

Estudo

 

A pesquisa contou com a participação de 26 adultos diagnosticados com a doença. Eles foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu o tratamento convencional da diabetes, com injeções diárias de insulina, por oito semanas, e depois passou outras oito semanas usando o novo dispositivo. O segundo time fez o inverso.

Os pesquisadores avaliaram a proporção de tempo que os pacientes passavam com os níveis de glicose entre 3,9 e 10,0 mmol/L, considerada a faixa adequada. Em média, os adultos que usaram o pâncreas artificial passaram dois terços (66%) do período do estudo com a glicose controlada, o dobro do tempo alcançado com a terapia padrão (32%).

Enquanto estavam com o CamAPS HX, os participantes passaram apenas 33% do tempo com os níveis de glicose acima de 10,0 mmol/L, considerado alto. Por outro lado, os que usavam injeções diárias de insulina permaneciam 67% do tempo com os níveis de glicose superiores a 10,0 mmol/L.

De forma geral, os níveis médios de glicose diminuíram de 12,6 mmol/L, durante a terapia padrão com as injeções de insulina, para 9,2 mmol/L quanto usavam o dispositivo. A hemoglobina glicada (HbA1c) foi reduzida de 8,7% para 7,3%.

 

Diabetes tipo 2

 

A diabetes tipo 2 é uma doença crônica, caracterizada pela resistência do organismo à insulina ou pela produção abaixo dos níveis ideais do hormônio, causando aumento dos níveis de açúcar no sangue.

Os sintomas incluem sensação de boca seca, aumento da vontade de urinar, sede e perda de peso sem causa aparente. Ela pode levar a complicações como cegueira e úlceras diabéticas.

 

Fonte: Metropoles

Imagem: GettyImages