Conheça 5 inovações no combate ao câncer
A média anual de câncer no Brasil é de 625 a 630 mil novos casos, de acordo com a Fundação do Câncer. E como as causas dessa doença são específicas de cada paciente e também relacionadas à exposição a certas substâncias, como tabaco, luz ultravioleta e determinados alimentos, não é fácil saber quando estamos perto de desenvolvê-la.
Mas a ciência e a tecnologia têm ajudado bastante no combate à doença. As últimas duas décadas, principalmente, foram marcadas por avanços significativos que aumentam a expectativa de vida dos pacientes. No Dia Nacional da Campanha Educativa de Combate ao Câncer, celebrado na última quinta-feira (4), confira os tratamentos mais modernos.
Imunoterapia moderna
De acordo com Thiago Jorge, médico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a imunoterapia é um tratamento que manipula ou organiza a forma como o sistema imune de um paciente reage ao tumor.
A imunoterapia engloba tratamentos mais antigos, com base nos anticorpos anti PD-1 e anti PDL-1. Eles começaram a ser mais usados no começo dos anos 2010, e hoje são aplicados contra cânceres de pulmão, intestino, fígado, estômago e melanoma, entre outros.
Esses anticorpos revolucionaram o tratamento dessas doenças. Alguns pacientes tinha uma expectativa de vida de oito a nove meses. Com a imunoterapia, cerca de 60% dos pacientes permanecem vivos por mais de cinco anos.
Mas esse tipo de tratamento foi atualizado. Já consegue manipular, por engenharia genética, as células imunes NK e as T. Esse processo leva à formação de CAR-NK ou CAR-T, células modificadas em laboratório para voltarem a “enxergar” os tumores e combatê-los.
Células de pacientes ou doadas por pacientes são “ensinadas” novamente a combater o câncer e reinjetadas no portador da doença. “Elas trabalham como se fossem mísseis teleguiados que vão chegar aos tumores e matá-los", esclarece Jorge.
Anticorpos conjugados
O tratamento com anticorpos conjugados é conhecido como uma estratégia semelhante à história do Cavalo de Troia. Em vez de só aplicar quimioterapia no corpo do paciente, agora os médicos conseguem identificar as células tumorais e aplicam nelas anticorpos conjugados a drogas para reforçar a quimioterapia. Dessa forma, a técnica se dirige diretamente ao tumor sem provocar outros danos ao corpo.
“Isso está sendo uma revolução principalmente nos tumores de mama”, defende Jorge. Os anticorpos conjugados — também conhecidos como quimiomarcados — mais conhecidos são o brentuximabe vedotina e o ado-trastuzumabe emtansina.
Terapia viral
Aprovada no final de 2021 no Japão, a terapia viral, ou T-Vec, é baseada em modificar geneticamente o vírus da herpes e injetá-lo no cérebro. O vírus da herpes, quando reinjetado, combate apenas as células tumorais e conserva as saudáveis.
O tratamento foi desenvolvido e lançado pela farmacêutica Amgen nos EUA e Europa. Segundo disse Daniel Martinez, diretor da companhia no Brasil, à revista Veja, “40% dos indivíduos avaliados tiveram resposta ao tratamento, 16,6% deles se livraram por completo das lesões e 95% daqueles que reagiram bem ao método permaneceram vivos por mais de três anos após o estudo”.
Ainda que o vírus usado seja o da herpes, ele precisa passar por uma modificação genética também para deixar de fazer danos. Além de combater as células cancerígenas, esse tratamento estimula a memória imunológica contra o câncer a médio prazo.
Terapia-alvo
A terapia-alvo é um método contra o câncer que atua sobre todo o organismo. Com ela, medicamentos alvo-moleculares são usados para atacar especificamente a superfície ou o interior de células cancerosas. Esse tipo de tratamento também bloqueia e desliga canais genéticos que fazem com que as células cancerígenas permaneçam no corpo do paciente.
Ao estudar genes, moléculas e proteínas das células tumorais, a medicina criou medicamentos com substâncias que destroem partes bem específicas do câncer, impedindo que ele cresça no organismo. Essa opção reduz bastante os efeitos negativos nas células saudáveis.
Segundo o William Nassib William Junior, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia da BP -Beneficência Portuguesa de São Paulo, identificar mutações específicas no DNA ajudaram a produzir medicações mais eficazes. "Ela vai atuar especificamente no alvo alterado e modificar drasticamente a história daquele câncer”, explica.
Vacinas
Ainda sem previsão de lançamento, pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute em Boston e da Universidade de Harvard estão desenvolvendo uma forma de estimular o sistema imunológico por meio de uma vacina contra tumores.
Muito antes do desenvolvimento de vacinas de RNAm (RNA mensageiro) contra a covid-19, esse tipo de vacinas também estavam sendo desenvolvidas para combater o câncer e a esclerose múltipla. De acordo com o portal da National Geographic, ensaios clínicos estão sendo realizados para avaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança das vacinas de RNAm para tratar cânceres.
Fonte: TERRA
Foto: Public Domain Pictures / Pixabay