Buscas por remédios para dormir e melatonina crescem no Brasil, diz levantamento

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 29/08/2024 07h10, última modificação 28/08/2024 22h08
Segundo análise, foram realizadas mais de 17,5 milhões de buscas no Google por melatonina e 9,8 milhões por Zolpidem no último ano

Ansiedade, medo, estresse e angústia em relação a problemas pessoais ou desafios no trabalho estão entre as principais causas para a dificuldade para dormir. Diante disso, a busca por alternativas farmacológicas e naturais para combater a insônia tem crescido entre os brasileiros.

 

Um levantamento feito pela Timelens, consultoria de negócios baseada em dados e insights do ecossistema FutureBrand, analisou o crescimento do consumo de produtos para dormir, entre eles o medicamento Zolpidem e o suplemento de melatonina, conhecida como hormônio do sono.

 

 

 

De acordo com o levantamento, foram realizadas mais de 17,5 milhões de buscas no Google no último ano pela melatonina. Desde a sua aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021, o volume de buscas pelo suplemento aumentou seis vezes na plataforma, segundo a análise.

 

Logo em seguida, vem as buscas por “Zolpidem”, que totalizaram 9,8 milhões no último ano. Os termos “chá para dormir” e “magnésio inositol”, aparecem na sequência, com 1,7 milhões e 1,2 milhões de buscas, respectivamente.

 

O levantamento também mapeou as buscas dos brasileiros por remédios para dormir no Google. O primeiro termo a ser analisado foi “remédios para dormir”, que acumulou mais de 29 milhões de pesquisas na plataforma nos últimos cinco anos.

Os meses com maior busca foram:

 

  • maio (10%);
  • abril, janeiro e julho (todos com 9%);
  • junho, outubro, fevereiro e dezembro (8%);
  • setembro (7%); e
  • novembro (6%).

Entre os remédios com maior crescimento nas buscas, o Zolpidem é o líder (+240%), seguido pelo Clonazepam (+220%).

 

Por outro lado, as buscas por “remédios para dormir que não precisam se receita” tiveram um aumento de 1.450% nos últimos cinco anos, segundo o levantamento. As análises foram feitas por meio de ferramentas como Google Trends e Google Ads, a partir de palavras-chave definidas para a investigação.

 

“Os dados nos mostram que os brasileiros não estão apenas procurando por medicamentos, mas por ajuda. As buscas por melatonina, colchões e chás para dormir também são significativas, mostrando que o interesse vai além dos medicamentos; os usuários estão em busca de conforto”, avalia André Matias, CEO da Timelens e Sócio Diretor na FutureBrand São Paulo.

 

Nos últimos cinco anos, foram publicadas mais de 20,8 milhões de menções indicando cansaço ou exaustão nas redes sociais. Além disso, houve um total de 11,6 milhões de menções expressando dificuldade para dormir. Entre as principais causas atribuídas a falta de sono na internet, estão a ansiedade/angústia (26%), mal-estar (22%), barulho e clima (13%), substâncias/drogas (3%) e medo (2%).


A análise das menções foi feita em redes sociais, fóruns e blogs no período de 2019 a 2024. Após selecionar um espaço amostral de 1.500 menções, determinaram-se critérios definidos a partir dos objetivos da pesquisa para a análise. Foram consideradas todas as menções que expressaram alguma dificuldade de dormir: “sem sono”, “não consigo dormir”, “insônia“, entre outras semelhantes.

 

Buscas por “Zolpidem” cresceu mais no Brasil do que nos Estados Unidos

 

O levantamento também comparou as buscas por “Zolpidem” no Brasil com as buscas nos Estados Unidos, país com alto índice de consumo de remédios para dormir. Segundo o estudo, nos últimos anos, o volume bruto de buscas no Brasil foi de 52.943.100, enquanto nos EUA foi de 19.798.080 (+167%).

 

No Brasil, houve um crescimento ao longo dos últimos anos das buscas, com uma média de 202 mil pesquisas semanais e picos em agosto de 2022 (572 mil e 526 mil). Além disso, houve crescimento também em maio desse ano (400 mil). Nos EUA, a busca pelo remédio permanece pouco variável, com uma média de 75 mil buscas semanais e um pico no último mês de abril (123 mil).

 

“O brasileiro é extremamente antenado no que acontece no ambiente online, e o Zolpidem se tornou viral nas redes sociais, o que provavelmente despertou a curiosidade sobre o medicamento no país, o que refletiu o interesse em buscas no Google pelo produto”, avalia Matias.

 

O levantamento também indica que, apesar de o Distrito Federal ser o líder nas buscas pelo medicamento na internet, São Paulo é o estado com o maior número de vendas de Zolpidem, totalizando mais de 122 milhões de caixas vendidas. Os dados foram coletados no DataSUS.

 

Perigos do uso indevido de Zolpidem e melatonina

 

O Zolpidem é um medicamento da família dos hipnóticos, que age no organismo induzindo o sono e deve ser usado apenas por um curto prazo de tempo — segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso não deve ultrapassar quatro semanas. Por isso, ele é indicado para o tratamento da insônia transitória ou ocasional.

 

“O tratamento além do período máximo não deve ser estendido sem uma reavaliação da condição do paciente, pois o risco de abuso e dependência aumenta com a dose e a duração do tratamento”, diz a agência. Além disso, o uso indevido do medicamento facilita a ocorrência de efeitos colaterais como sonambulismo, apagões de memória, alucinações, entre outros.

 

Diante do aumento de relatos de uso irregular e abusivo do Zolpidem, a Anvisa aumentou do controle para prescrição e venda do medicamento no Brasil em maio deste ano.

 

A melatonina, apesar de ser um suplemento natural, também pode trazer efeitos colaterais e pontos negativos quando é utilizada indevidamente e sem prescrição médica.

 

Em entrevista, Cristina Ribeiro de Barros Cardoso, professora de imunologia e neuroimunoendocrinologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, ressaltou a importância desse cuidado.

 

“É um hormônio e, assim como outros hormônios no nosso corpo, existe uma regulação muito fina da interação entre esses hormônios e a imunidade.”, destacou a professora.

 

Tomar o hormônio como suplemento é seguro, desde que a ingestão esteja de acordo com as recomendações da Anvisa e o paciente esteja fora dos grupos de contraindicação.

 

Antes de consumir o suplemento, é importante consultar um médico para garantir o uso correto conforme as necessidades de cada organismo.

 

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Fonte: CNN - Imagem: Freepik

Edição: Site Rádio FM Assembleia