“Humanismo Cabloco”: Projetos capacitam jovens rurais para a mudança

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 22/05/2024 07h36, última modificação 22/05/2024 07h36
O programa é realizado pela Uespi, com o propósito de promover a formação político-social de jovens do campo.

O programa de extensão Humanismo Caboclo, vinculado à coordenação de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), campus Torquato Neto, está promovendo a formação político-social de jovens do campo por meio da capacitação para identificar desafios em suas comunidades e propor soluções através de projetos sociais.


O Humanismo Caboclo se concentra nas áreas temáticas de Educação e Cultura e desde a sua criação, em 2010, o programa adota uma abordagem humanista que valoriza a superação das opressões e promove a construção de percursos sociais onde os jovens se constituem como seres integrais. Além de fomentar a conscientização política e social, o programa também incentiva o protagonismo juvenil e contribui para o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.


O professor e coordenador do programa extensionista, Prof. Luciano de Melo, explica que o programa surgiu quando ele estava fazendo o Doutorado.  “Pesquisava sobre tradições culturais dos povos campesinos e como essas tradições se relacionavam com a contemporaneidade. Ao interagir com esses atores do campo, nasceu a necessidade de contribuir com a construção de pessoas capazes de dialogar empaticamente com as riquezas e desafios do campo e animá-las para ações de valorização e transformação.”


Mas o professor lembra que o programa Humanismo Caboclo teve como precursor outro programa de extensão chamado Cultura Casca-Verde, realizado entre 2004 e 2008, na zona rural de Teresina. Para o Docente é preciso dialogar com o público externo da universidade e propor trocas de conhecimento.  “Compreendemos que o conhecimento acadêmico não pode se isolar do mundo. Ao pensar num programa de extensão que, de fato, pudesse dialogar e trocar com pessoas e grupos, definimos que deveríamos trabalhar a partir de uma extensão universitária dialógica, fraterna e que estimulasse a transformação de pessoas e de seus espaços coletivos a partir de suas culturas, histórias, contradições e potencialidades,” ressaltou.


Dentro das ações do programa Humanismo Caboclo, a produção de documentários se tornou uma ferramenta importante e eles são usados como parte do curso de Formação Político-Social de Jovens do Campo. O professor citou dois trabalhos, o projeto Amigos do Livro e Outras Nuvens e o documentário Batalha da Cultural teve como proposta mostrar, através do audiovisual, a  ação de jovens ligados ao Hip Hop do Grande Dirceu. 


“Sempre reconhecemos como importante a comunicação dentro das ações do Humanismo Caboclo, porque além de divulgar os nossos projetos, contribui como material de memória e educação. Nossa intenção foi demonstrar que jovens podem realizar ações políticas em suas comunidades. Além disso, ver outros jovens que propõem trajetos de vida para além do individualismo e apatia política é bastante significativo para propor reflexões e estimular sonhos”, explicou o professor Luciano de Melo.


O projeto Amigos dos Livros e Outras Nuvens se trata de um projeto de incentivo à leitura. A iniciativa partiu do Luciano Melo e do João Pedro Veloso, que era seu aluno na época em que o projeto foi criado em 2016. As crianças se dirigem para praça, se unem em uma roda, leem livros, conversam sobre o que gostaram dos livros que leram e cantam canções; em outro momento, elas também praticam outras atividades, nas quais se expressam através de desenhos e aprendem se divertindo com jogos educativos. Como explica Leila Coelho. 


Já o Batalha da Cultural visa através da arte do hip hop, levar cultura e a expressividade de jovens para a Praça Cultural do Grande Dirceu. O foco atual é promover competições de rimas, ressalta Leila Coelho. 


Para a documentarista Leila Coelho, esses produtos audiovisuais impactam tanto a minha vida, como  dos jovens que participam e de quem vai assistir, porque servem como fonte de informação e conhecimento sobre as realidades de todo mundo. Ela destaca o impacto dos documentários nas comunidades rurais e nos jovens participantes do projeto, como, por exemplo, a visibilidade das história de vida deles.  “O maior impacto que esses documentários têm em suas comunidades e para os jovens que fazem parte desses projetos é a visibilidade. É a de ter suas histórias contadas. É de poder contar um pouco o quão significativo esses projetos são para eles e o quanto transformaram a vida deles e os deram outra perspectiva de vida. É de ter a oportunidade de mostrar o orgulho que sentem no que fazem e poder falar do que faz eles se sentirem respeitados, acolhidos, livres para se expressarem e se desenvolverem em sociedade”.


Para o Prof. Luciano de Melo, o protagonismo dos jovens do campo deve ser uma prática e não um discurso somente e a produção dos documentários servem também para esse propósito. “Os documentários registram uma história de luta e comprometimento com uma sociedade verdadeiramente participativa e propositora de uma cidadania real. Toda essa gama de saberes e estímulos potencializa entre os jovens participantes da formação um sonho de mudança. Transformação de suas realidades com projetos esportivos, de artes, bibliotecas, espaços para apresentações das tradições culturais ou projetos que incentivam a educação e a produção rural entre jovens da agricultura familiar. Os documentários narram histórias de jovens que ousam sonhar e lutar. Estas histórias podem inspirar novas histórias”, finaliza.

 

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Fonte: Comunicação Uespi

Edição: Site Rádio Alepi FM