Deputados, secretário de Educação e entidades debatem literatura piauiense na Alepi

por Katya D'Angelles publicado 06/09/2023 12h40, última modificação 06/09/2023 16h20
Formação de professores e políticas públicas foram consideradas ações centrais

Editores de livros, escritores e organizadores de eventos literários participaram de uma audiência pública realizada pela Comissão de Saúde, Educação e Cultura (CECS) da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) nesta quarta-feira (6). O debate foi requerido pelo presidente Franzé Silva (PT) após diálogo com o presidente da Academia Piauiense de Letras (APL), Zózimo Tavares, e contou com a presença do secretário de Educação Washington Bandeira, o vice-presidente da Alepi, Evaldo Gomes (Solidariedade), o presidente da CECS, Dr. Vinícius (PT), e Dr. Hélio (MDB). 

 

Zózimo Tavares foi o primeiro a falar e resumiu a situação da literatura brasileira de expressão piauiense a partir de uma pesquisa que mostrou a necessidade de avançar na divulgação da mesma nas escolas e entre as famílias. O presidente da APL apresentou uma série de legislações e resoluções que mostram que a questão jurídica não é o problema central. “Foi aqui [na Alepi] onde tudo começou há 34 anos quando estava sendo feita a Constituição do Piauí e foi incluída a literatura piauiense na pauta de discussão”, lembrou o jornalista.

 

Há três anos, o presidente da APL tem levado o tema para ser debatido em espaços como o Conselho Estadual de Educação, onde já foram feitas duas audiências públicas, e agora na Alepi. Nesses debates, a Academia tem defendido não apenas os livros de prosa e poesia, mas também os de História, Geografia e Arqueologia e sempre pontua que produção literária para ser adotada não falta.

 

Um dos problemas apontado por vários participantes da audiência pública foi a formação dos professores. Cineas Santos defendeu que os livros precisam chegar às escolas em formatos menores e mais acessíveis e sempre acompanhados de manuais para uso dos professores. Fides Angélica resumiu com a frase “não é apenas ler, é saber o que leu” a importância do professor para o avanço da literatura. O secretário Washington Bandeira acredita que parte da demanda pode ser atendida em um curso de formação de professores já previsto e disse que durante a entrega de livros, que devem ser comprados até o final do ano, alguma ação pode ser realizada para contribuir com conhecimentos aos professores.

 

Outro problema bastante elencado foi o da baixa auto estima do piauiense que contribuiu para ele não se interessar por seus escritores e história. O vice-reitor da Universidade Federal do Piauí, Viriato Campelo, destacou essa dificuldade citando os registros arqueológicos que tem no Piauí e são referência para o mundo, mas pouco valorizados pelos piauienses. Fonseca Neto reiterou que combater a baixa auto estima é central e que parte da questão é uma imposição cultural feita pelos principais eixos econômicos do Brasil.

 ENCAMAMINHAMENTOSUma das soluções propostas na audiência pública foi a criação de rotas culturais. Felipe Mendes citou exemplos feitos em Minas Gerais e Bahia com locais turísticos que recebem nomes de obras e escritores de suas localidades. Viriato Campelo sugeriu a criação de uma Rota da Arqueologia. A Secretaria da Educação já está realizando ações nesse sentido, de acordo com Washington Bandeira. Articulada com a Secretaria de Turismo, as iniciativas isoladas de passeios vão ser transformadas em política pública.

 

Medidas de aproximação entre os escritores e leitores também foram bastante citadas. O apoio à realização de feiras e a ida dos escritores às escolas para saraus e rodas de conversa estiveram entre os encaminhamentos. A adoção de livros sobre política piauiense foi acrescentado no debate pelo cientista político Cleber de Deus. Ele disse que já tem feito ações junto a estudantes por meio de parceria com o TRE-PI (Tribunal Regional Eleitoral) e que essas foram reconhecidas nacionalmente. O secretário de Educação afirmou que essa literatura pode ser importante para o avanço do ensino de tempo integral.

 

Além disso, pontuou-se a necessidade de o Piauí ter um política pública estruturada para a área editorial que inclua a divulgação dos livros e autores, inclusive em feiras nacionais, e que parte das impressões podem ser feitas pela Alepi no modelo que a Assembleia Legislativa do Ceará faz. Para a execução dessas ações, foi defendida uma aproximação com o Ministério da Educação que deve ser uma contrapartida às dificuldades impostas às produções estaduais por conta da adoção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

O presidente Franzé Silva afirmou que no concurso previsto para a Alepi vai ser exigido à banca realizadora do certame que inclua questões sobre literatura, história e geografia piauiense. Os participantes da audiência elogiaram a medida que se junta à ação do IFPI (Instituto Federal do Piauí) de voltar a fazer o próprio vestibular. 

 

Com diversos encaminhamentos, Dr. Vinícius (PT) afirmou que a audiência pública foi apenas o ponto de partida para o incremento da produção literária piauiense. O espaço vai ser transformado em um relatório para que todos os participantes possam acompanhar e participar ativamente dos próximos passos.

 

Nícolas Barbosa - Edição: Katya D’Angelles

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