Depoentes criticam empresas terceirizadas contratadas pela Equatorial na CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) que investiga os maus serviços prestados pela Equatorial ouviu mais dois depoimentos nesta quarta-feira (7). O presidente do Centro das Indústrias do Piauí (CIEPI), Frederico Mussi, e o presidente da Associação Piauiense das Empresas de Energia Solar (Apisolar), Jean Cantalise, falaram, cada um, durante cerca de meia hora.
O representante das indústrias classificou o trabalho desenvolvido pela Equatorial Piauí como um grande avanço para o estado. “Nós notamos uma melhora significativa no fornecimento da energia elétrica, não apenas a diminuição muito grande das quedas de energia, principalmente, na qualidade da energia que a gente recebia. Na época da Eletrobras, além das quedas da energia, que eram frequentes, diariamente tínhamos problemas, e sérios, de oscilação na qualidade da energia, o que gerava, muitas vezes, problemas nos nossos equipamentos”, relatou Frederico Mussi.
Gessivaldo Isaías (Republicanos) e o presidente da CPI, Evaldo Gomes (Solidariedade), perguntaram se essa realidade podia ser vista em todo o estado. O segundo relembrou o depoimento crítico do presidente da Aprosoja Piauí, Alzir Neto, dado na semana passada. O presidente do CIEPI afirmou que a instituição tem conversado com a Equatorial sobre as dificuldades por que passam os produtores do sul do estado. O que a concessionária tem repassado é que está em busca de um equilíbrio entre aplicar os recursos financeiros necessários sem repassar o custo para os consumidores. Há também limitações jurídicas para a realização do investimento que exigem diálogo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e outros entes públicos.
Perguntado pela deputada Simone Pereira (MDB) sobre indústrias que deixaram de se instalar no Piauí por causa da má qualidade de energia, Frederico Mussi disse não conhecer nenhum caso. Gracinha Mão Santa (Progressistas) reforçou o questionamento com exemplos de demora da Equatorial em Parnaíba. O presidente da CIEPI afirmou que, no litoral, não há problema relacionado à concessionária na Zona de Processamento de Exportação (ZPE), por exemplo, mas sim do Corpo de Bombeiros.
Frederico Mussi também elogiou a capacidade de investimento da Equatorial. Segundo informações repassadas a ele por dirigentes da empresa, a concessionária tem aplicado 50% da sua receita bruta em investimentos. O relator da CPI, deputado Nerinho (PT), solicitou à assessoria da comissão que requeira da Equatorial um documento que comprove a informação. O presidente da CIEPI citou também a necessidade de formação de mão de obra no estado para o setor de eletrotécnica e que algumas dificuldades da Equatorial envolvem a falta de trabalhadores qualificados para as terceirizadas.
“Não podemos esquecer qual foi o ponto de partida da Equatorial. Eles pegaram uma estrutura que estava totalmente sucateada e tiveram que, não apenas recuperar a infraestrutura que já estava instalada, senão em alguns casos, substituir por instalações novas. Tem muito pra melhorar ainda, claro. Ainda tem situações que precisam ser melhoradas, mas precisamos entender que aqui ninguém tem uma chave mágica que na hora que liga muda 100% a situação, ainda mais numa estrutura que tinha anos de falta de investimentos, não apenas da época da Eletrobras, mas também da época da Cepisa”, explicou Frederico Mussi. Ele concluiu afirmando que espera que a CPI não possa trazer de volta a Eletrobrás.
Presidente da Apisolar diz que Equatorial trabalha melhor no Maranhão e no Pará
O segundo depoente da reunião da CPI desta quarta-feira foi o presidente da Apisolar, Jean Cantalice. Provocado pelo relator Nerinho para fazer um comparativo dos serviços prestados pela Equatorial no Piauí com os outros estados em que a empresa atua, o depoente afirmou que no Maranhão e no Pará a concessionária atua muito melhor. Em momento anterior, Gracinha Mão Santa já tinha relatado a perda de investimentos de energia solar para os estados vizinhos por conta da Equatorial.
Jean Cantalice enumerou algumas das principais reclamações das empresas que trabalham com energia solar. Os erros de medição, os pequenos incêndios que acontecem nos medidores e a falta de transparência sobre a produção nas contas foram alguns deles.
Mas o principal problema destacado pelo depoente foi a falta de qualidade das empresas terceirizadas. Ele elogia o diálogo que tem com os dirigentes da Equatorial Piauí, mas reforça a necessidade de melhoria muito grande na qualidade do atendimento.
Além disso, a demora para a avaliação de projetos foi apresentada pelo presidente da Apisolar. Ele afirmou que houve uma melhora nesses procedimentos, mas que ele ainda está acima do que é exigido pela Aneel. No momento da ligação dos sistemas à rede de distribuição de energia, a dificuldade é o prazo dado no interior do estado, que chega a 90 dias.
Nícolas Barbosa – Edição: Iury Parente